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Startup Summit em resumo: dois dias de novos negócios, conexões e fortalecimento do ecossistema de inovação no país

Startup Summit em resumo: dois dias de novos negócios, conexões e fortalecimento do ecossistema de inovação no país

O ecossistema de inovação e tecnologia de Santa Catarina, e também do país, ficou maior após o Startup Summit, que levou mais de 2,3 mil pessoas de 15 estados ao Centro de Convenções de Canasvieiras, em Florianópolis, nos dias 12 e 13 de julho. Além das palestras e da feira de negócio que reuniu dezenas de empresas, o evento organizado pelo Sebrae e com apoio da ACATE e Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) do governo do Estado gerou novos negócios, um networking forte e algumas novidades para o mercado.

Logo na primeira manhã do evento, a Senior – uma das mais tradicionais desenvolvedoras de software de gestão do país – anunciou o lançamento do Senior Ventures, programa que prevê investimentos na ordem de R$ 1 a 2 milhões em até 10 startups (fintechs e HRtechs) ao longo dos próximos anos. Além disso, o Darwin Startups comunicou parceria com uma plataforma norte-americana, a Union, para conectar seu portfólio com mentores, investidores e outros founders em vários países. E a aceleradora paulista ACE anunciou data de estreia em solo catarinense, no dia 13 de setembro, em Florianópolis. Muitos outros projetos que podem se tornar startups de sucesso se apresentaram ao público em espaços como as arenas do Sebraelab, com foco em inovação aberta, e da ACATE, que destacou tecnologias de algumas de suas associadas.

Ao longo dos dois dias, não faltaram conteúdos com foco em gestão, operação e desenvolvimento de tecnologia com dezenas de cases catarinenses e nacionais. Eric Santos, CEO da Resultados Digitais, contou o passo a passo para a criação e desenvolvimento de uma máquina de vendas. Andreas Blazoudakis, co-founder da Movile (primeiro unicórnio entre as startups brasileiras), impressionou a plenária com sua visão de atendimento ao público em um cenário de disrupção constante: “eu tive muitas startups até entender como funcionava. Nós queremos atender o usuário da manhã até a noite, com tudo que permeia a vida das pessoas. Para isso, temos que entender as ondas de inovações”.

Outra startup catarinense destaque no cenário nacional, a ContaAzul, compartilhou a maneira como descobriu um novo público-alvo, que seria estratégico para o desenvolvimento da empresa: os profissionais de contabilidade, fundamentais para o sucesso de pequenos empresários, foco inicial da startup. “Uma empresa pode se adaptar sempre e devemos alimentar a qualidade de se adaptar rapidamente”, resumiu o CEO e cofundador Vinicius Roveda.

Embora o Brasil tenha um dos piores ambientes em termos de tributação e legislação para inovação, “temos ao mesmo tempo um ecossistema maduro e com vários avanços. Nos últimos três anos, o número de hubs de inovação cresceu demais”, aponta Felipe Matos, empreendedor serial e autor do livro “10 mil startups”, em sua palestra no palco Ecossistema. “Em Florianópolis a gente vê isso muito claramente, com o centro de inovação da Acate e muitos coworkings e outros espaços. Por isso a cidade tem hoje dez vezes mais startups por habitante do que São Paulo, por exemplo”, citou.

Os desafios para desenvolver ambientes de inovação no interior do estado também foram destaque no Summit. Casos como o da Hiper, startup nascida em Brusque e que hoje já conta com mais de 100 colaboradores, e o da comunidade do Desbravalley, que reúne empreendedores, investidores, profissionais e universidades de várias cidades do Oeste, mostram que não é preciso estar numa capital para criar negócios inovadores e crescer. “Não fazia diferença instalar a empresa na minha cidade ou em outra. Sempre há desafios para buscar conhecimento, inovação e pessoas. Mas nós começamos a fazer um trabalho forte com universidades locais, que formam ótimos profissionais, e mostramos porque é bom morar em nossa cidade. A mão de obra nunca estará disponível”, resume Thiago Vailati, CEO da Hiper.

A maturidade do mercado e do ecossistema nacional – em termos de empreendedores, players e recursos para investimento – pautou uma série de palestras e debates. Rodrigo Ventura, especialista em venture capital e fundador da Escola do Financeiro, apresentou um panorama do capital de risco disponível no Brasil e no mundo ao longo dos últimos anos. Como ele destacou, “mais do que financiar o crescimento de uma empresa, captar recursos com terceiros é estratégico para mitigar os riscos da inovação”. Entre as tendências deste mercado estão o aumento do valuation das startups, uma maior entrega de valor por parte das gestoras de venture capital, a chegada de investidores estrangeiros ao Brasil e novas alternativas de captação (como ICOs e equity crowdfunding).

“Nos últimos cinco anos surgiram novos fundos de investimento, e acontecem mais aportes séries B, C e D. Isso mostra que o mercado em maturidade e pro investidor isso é bom pois ele vê saída no negócio. Os empreendedores também estão mais calejados e conscientes sobre como funciona o processo de captação”, reforça Adonay Freitas, diretor da gestora Cventures.

O sucesso da primeira edição do evento garantiu a realização do Startup Summit novamente em Florianópolis, em agosto de 2019. Como antecipou o diretor técnico do Sebrae/SC, Anacleto Ortigara, o objetivo é promover um evento ainda maior, com presença de grandes empresas lançando novidades e fortalecendo a feira de negócios, unindo também os debates do encontro anual promovido pela Anprotec (que representa parques tecnológicos e demais entidades de incentivo à inovação), que no ano que vem será sediado na Capital.

Como resume José Eduardo Fiates, diretor executivo da Fundação Certi: “Santa Catarina tem um modelo híbrido de ecossistema, em que leaders (empreendedores) e feeders (pessoas e entidades que fomentam a inovação) se misturam. Por isso, o estado pode representar para o Brasil o que a Califórnia é para o mercado de tecnologia nos Estados Unidos”.

Por Fabrício Rodrigues, editor do portal SC Inova

Fabrício Umpierres Rodrigues