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Incubadoras de base tecnológica atraem filas de candidatos

Incubadoras de base tecnológica atraem filas de candidatos

Thiago Guerreiro aguarda ansiosamente o próximo edital do Centro de Desenvolvimento das Indústrias Nascentes (Cedin), vinculado ao Parque Eco-Tecnológico de São Carlos (SP), para seleção de novas empresas que integrarão a incubadora. Para concorrer a uma vaga, ele está criando uma empresa para produzir equipamentos de análise química de baixo custo. “Quero transformar meu projeto de mestrado em negócio. A incubadora vai me dar a estrutura de que preciso.”

Guerreiro não está só nessa empreitada. A concorrência entre empresas para se vincular a incubadoras e parques tem aumentado significativamente. Em alguns casos, o número de candidatos dobrou em relação ao ano passado.

Em 2009, conforme levantamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), 3,1 mil empresas com projetos na área de inovação foram criadas e buscaram vincular-se a parques tecnológicos. Desse total, 1,2 mil conseguiram uma vaga ou se associaram a algum parque, mantendo a sede da empresa fora desses ambientes. Existem hoje no Brasil 6,3 mil empresas vinculadas a incubadoras e parques tecnológicos e pouco mais de 1,5 mil graduadas (que já passaram pela fase de incubação), segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). As empresas que não conseguiram vaga permanecem na fila de espera, que cresce a cada dia, observa o presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonsky.

“A melhora no cenário macroeconômico também contribui para que a demanda cresça”, afirma Plonsky. Ele avalia que o apoio oferecido às pequenas empresas traz resultados que atraem os empreendedores. O índice de mortalidade entre as empresas de tecnologia que deixam as incubadoras continua em torno de 20%, mas a taxa é muito mais positiva do que a verificada no conjunto geral de pequenas empresas, cuja mortalidade é de 50% nos primeiros dois anos de atividade.

Para atender à demanda crescente, alguns parques estão investindo na ampliação de sua estrutura e na implantação de novas incubadoras. O Porto Digital, do Recife, investiu R$ 1,5 milhão na criação da incubadora C.A.I.S., lançada no fim de março, com um edital para seleção das 30 primeiras empresas. O presidente do parque, Francisco Albuquerque Neto, diz que em duas semanas de seleção a incubadora foi procurada por 500 empreendedores. “Tivemos procura de empresas de sete Estados, o que nos surpreendeu”, afirma. Na C.A.I.S, diz, a alíquota do ISS é reduzida, de 5% para 2%. As empresas contam com um programa para tratamento de resíduos eletrônicos, banda larga gratuita, entre outros benefícios.

Localizado na região metropolitana de Aracaju, o parque Sergipetec conta com duas incubadoras e está recebendo investimento de R$ 1,1 milhão, do governo do Estado e do Ministério da Ciência e Tecnologia, para a criação de uma terceira incubadora, afirma o presidente do parque, Marcos Wandir. As incubadoras existentes possuem 16 empresas vinculadas, mas estão lotadas. Com a nova incubadora, a expectativa é de que outros 25 empreendimentos sejam apoiados. Segundo Wandir, o parque começou a ser construído em 2009 e já teve procura acima do esperado. “A demanda cresceu muito desde que o parque foi selecionado para ser um dos agentes da Finep”, observa.

Plonsky, da Anprotec, confirma como um dos fatores para o interesse crescente pelos parques a decisão da Finep de transformar 17 incubadoras em agentes descentralizados para selecionar as empresas que receberiam subvenção do programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). O programa concede R$ 120 mil em subsídio para empresas de inovação com até dois anos de existência. Em 2009, a Finep liberou R$ 165,7 milhões por meio do Prime. “O programa chamou mais a atenção das empresas para os parques tecnológicos. Como resultado indireto, a concorrência para entrar nesses ambientes cresceu”, diz.

A incubadora Habitat, vinculada à Fundação Biominas, é uma dessas agentes da Finep. Gerente da incubadora, Angélica Salles diz que a procura dobrou por conta do programa. A Habitat apoia 18 companhias. “Para auxiliar as empresas que recebem o recurso, mas não são vinculadas à incubadora, construímos um espaço com 28 salas, mas rapidamente tivemos que ampliá-lo para 35, tamanha a procura”, diz Angélica. A Bioaptus, empresa que produz anticorpos para as indústrias farmacêutica e de alimentos, foi uma das felizardas a obter uma vaga na incubadora. “O objetivo inicial era conseguir o recurso da Finep, mas percebi na Habitat o ambiente ideal para desenvolver a área industrial da empresa”, diz o fundador da Bioaptus, Luiz Augusto Pinto.

Na Midi Tecnológico, vinculada à Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), a procura aumentou tanto que a incubadora criou um modelo de apoio virtual. Segundo a coordenadora, Jamile Sabatine Marques, as empresas virtualmente têm acesso aos mesmos benefícios, mas continuam sediadas fora do espaço físico da Midi. A incubadora mantém 13 empresas residentes e 10 incubadas virtualmente. “Estávamos com 15 empresas candidatas por vaga. A fila de espera ainda é enorme”, afirma.

No Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), a procura cresceu significativamente por conta do Prime, diz o diretor-executivo da entidade, Sérgio Risola. Devido à demanda forte, o Cietec optou por um modelo de incubação virtual: 19 empresas ocupam um espaço físico no Cietec e outras 87 estão sediadas em outros locais. É o caso da PHI Innovations, que produz software para a área de telecomunicações e fica em Campinas. “Aproveito a proximidade com fornecedores e clientes, sem perder o apoio da incubadora”, diz seu fundador, Flávio Alves Filho.

Risola, do Cietec, cita como outro fator de atração a possibilidade de grandes empresas poderem contratar companhias de incubadoras e parques para desenvolver projetos de inovação com recursos provenientes do IPI. “Quem tem acesso à Lei de Informática também se beneficia da estrutura das incubadoras e dos parques”, observa o executivo.

Fonte: Valor Econômico

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