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Startups brasileiras buscam inspiração nas gigantes da tecnologia

Startups brasileiras buscam inspiração nas gigantes da tecnologia

Oito empreendedores de Santa Catarina acompanharam os três dias de um dos maiores eventos de software do mundo, no Vale do Silício, como parte de missão internacional de aprendizados e networking

Terminou nesta quinta (08), a edição 2019 do SaaStr Annual, um dos maiores eventos de software e tecnologia do mundo. Durante três dias, mais de 12.500 profissionais da área acompanharam palestras e talks com grandes nomes do setor, que ditaram as tendências do modelo de software como serviço para o ano.

Na plateia, oito empreendedores de Santa Catarina registraram lições para aplicarem em suas startups, a partir da experiência de empresas consolidadas, como SurveyMonkey, Dropbox, Hubspot, Intercom, Pipedrive, entre diversas outras. Eles fazem parte da Missão Startup SC ao Vale do Silício, promovida pelo programa de capacitação do Sebrae/SC.

Segundo o organizador da missão, Alexandre Souza, as experiências vivenciadas durante o SaaStr potencializam ainda mais o crescimento das startups de Santa Catarina. “Vivenciar esse universo em que se respira tecnologia faz com que os empreendedores encontrem ideias únicas e determinantes para a construção de suas trajetórias no mercado. Estar no Vale do Silício e ter contato com as maiores empresas da área em um evento dessa magnitude é uma forma de acompanhar o que há de mais novo e mais efetivo na gestão de empresas que seguem o modelo SaaS, o que dá um impulso a mais para nossas startups”, comenta.

No terceiro dia do evento, alguns ensinamentos se destacaram mais na visão dos empreendedores de Santa Catarina.

Mitos e verdades sobre SaaS: o que não fazer

A trajetória do Dropbox se destaca por sua estratégia de crescimento global e atenção à experiência do usuário. Em palestra durante o SaaStr Annual, a CCO da empresa, Yamini Rangan, citou cinco mitos relacionados ao modelo SaaS, que não devem ser seguidos por empreendedores da área. Segundo ela, quem desenvolve software como serviço não precisa necessariamente focar sua estratégia de vendas em CEOs, CCOs ou CTOs, uma vez que isso torna o processo de venda mais longo e pouco direcionado ao usuário. Na construção da equipe, Yamini destaca a importância do equilíbrio entre receita e número de vendedores, e da contratação de profissionais de suporte desde o primeiro dia da empresa. Outras verdades questionadas por ela são as de que é preciso atingir o mundo inteiro para crescer rapidamente e que o foco deve estar em ser melhor do que o concorrente. Seguindo na outra direção, Yamini defende que as empresas devem analisar racionalmente o que é prioridade para elas antes de expandir, e que, mais do que a concorrência, o principal ponto de atenção das empresas SaaS deve ser no nível de engajamento e na experiência fornecida aos usuários.

Medindo resultados em SaaS sem enganação

A palestra de Josh Stein, da Threshold Ventures, mostrou que algumas vezes as análises dos empreendedores e alguns investidores não são muito detalhadas. Enquanto isso ajuda na explicação resumida de metas, pode não refletir a realidade dos resultados de uma empresa de software como serviço. Josh mexeu com o padrão de análise de startups early stage e de alguns investidores, que direcionam seu foco para LTV (Life Time Value – valor trazido pelo cliente em todo o seu ciclo de vida) e sobre CAC (custo de aquisição de cliente). Casos assim destacam métricas definidas seletivamente e não incluem todas as variáveis envolvidas, gerando um resultado nem sempre verdadeiro. É fácil criar uma visão em que a empresa é economicamente viável, quando na verdade não é – por exemplo, se não for considerado o LTV sobre a margem de lucro. Outro ponto importante é ter cuidado com renovações anuais, pois podem mascarar uma bomba relógio: apesar da promessa de contrato ter sido feita, ela pode não ser cumprida e só mostrar o prejuízo depois de doze meses.

Lições e erros na captação de investimentos

Para startups que buscam investidores, Christoph Janz, da Point Nine Capital, deu dicas valiosas durante o último dia do SaaStr. Segundo ele, um dos principais pontos de atenção deve estar no momento certo de buscar capital para crescer. Muitas empresas quebram ao tentar crescer de forma prematura, sem estarem preparadas. Janz comentou sobre a importância de precificar de forma correta. Segundo ele, a precificação de empresas Enterprise deve ser muito mais alta, aumentando a disparidade entre elas e as SMB (pequenas empresas), o que muitas vezes não acontece por falta de conhecimento em estrutura orçamentária e funcionamento das empresas de grande porte. Uma lição que ele tira dos anos de experiência na área é que, geralmente, a maioria dos fundos não têm interesse em determinada startup até que ela receba sua primeira proposta de investimento (termsheet). A falta de dados para análise do negócio faz com que o fator social ganhe grande relevância nas definições das investidoras.

Material produzido para o Startup SC por Christiana Lima (Dialetto), com apoio dos empreendedores Bruno Guimarães, da WiFeed, Marcio dos Santos, da TiFlux, e Ivan Biava, da Conpass.

Christiana Lima

Jornalista e Relações Públicas, simpatizante do inbound marketing e apaixonada por tecnologia e inovação. Atuou com comunicação estratégica para empresas e entidades do segmento e integra o time de Assessoria de Imprensa da Dialetto.